Walter Miranda
Artista Plástico

Telas e Poemas de Walter Miranda e Evaldo Barros, Amanhã na Casa da Cultura

1988
Diário de Bauru
3 de abril de 1988

 

 

Pinturas em óleo sobre tela refletindo o sentido poético e crítico da arte e poemas trabalhados com imagens que deformam a realidade são as novidades da "Exposição de Artes Plásticas e Poesia", do artista paulistano Walter Miranda e do poeta bauruense Evaldo Barros.

A mostra será aberta amanhã, às 20h30, com uma performance teatral, e se estenderá até o dia 30, na sala Convivência e Galeria de Arte da Casa da Cultura. Ali estarão expostos 15 telas e quatro poemas, numa programação que visa reunir a poesia e as artes plásticas num mesmo espaço cultural.
O poeta Evaldo Barros desenvolve há quatro anos um trabalho com poesias e “instalação”, um conjunto de poemas que compõe um ambiente artístico, uma proposta de expressão dentro das artes cênicas, e da literatura. Ele utiliza a sensibilidade teatral na produção de suas poesias, se aprofunda em temas e busca nas imagens a deformação da realidade. Evaldo publicou vários trabalhos na Unesp – Araraquara, e recebeu o prêmio de Melhor Interprete do Concurso de Poesia Falada naquela cidade.

 

Walter Miranda

Em seu trabalho, o artista paulistano procura abordar temas atuais, dando a eles um sentido poético e crítico, com a intenção de provocar no espectador questionamentos, reflexões, e conceituações. Usando sempre uma linguagem pessoal e inovadora, apesar de se valer de técnicas tradicionais, Walter Miranda incorpora em seus quadros elementos que são característicos de nossa época. Ele utiliza peças de computador na tentativa de obter novas texturas e efeitos.
Na série “Admirável Mundo Novo"o artista aborda o lado sutil do controle do indivíduo. A modernidade tecnológica alcançada nos dias de hoje é retratada por ele como a causa da situação estática do ser humano, que devido aos confortos materiais se tornou incapaz de questionar com profundidade os conceitos fundamentais do “ pseudo’’ desenvolvimento humano. A intenção desta série é representar as incoerências do desenvolvimento humano", - explica.
A série é retratada em quatro pontos básicos: O desenvolvimento cultural; o desenvolvimento tecnológico desestruturado; risco de uma hecatombe nuclear e as conseqüências dessa possível hecatombe. Todos os quadros são planejados com base na relação áurea, retângulos e vários elementos são pintados em papelão e colocados em pontos estratégicos das telas.

Idolatria Tecnol

 

 

 

Sentido

Algumas fórmulas físico/matemáticas e elementos artísticos representam o real progresso humano. As folhas de árvores (prepardas para não se deteriorarem) retratam o naturalismo, até certa época valorizado, e agora praticamente esquecido. Elementos pintados e depois colocados nos quadros refletem a ameaça do holocausto nuclear neste final de século e milênio. Todos os quadros têm peças de computador colocadas, que representam o domínio desenfreado da tecnologia na sociedade atual. "Não me preocupo se o o espectador conseguirá entender a minha linguagem, pois o importante é que ele tire conclusões próprias sobre o tema abordado e compreenda a essência do que tento transmitir". – conclui.
A exposição de Artes Plásticas e Poesia se estenderá até o dia 30 de abril, na Casa da Cultura – Rua Sete de Setembro, 1160

Walter Miranda
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